O nome da rosa - Resenha






Em 1327, um monge franciscano chamado William de Baskerville (Sean Connery), junto com seu pupilo, o noviço Adso von Melk (Christian Slaker), vai até um mosteiro na Itália participar de um debate, investigando heresias no mosteiro, onde é levantado: se a igreja deve ou não doar parte de suas riquezas para os pobres. Durante a visita, acontece um assassinato e o monge franciscano se compromete em descobrir – já que William é um ótimo detetive – o autor de tamanha barbaridade. Porém os religiosos acreditam que se trata de uma ação demoníaca. As vítimas dos ataques, apresentam a ponta dos dedos e da língua azul, além de um grande mistério em torno da enorme biblioteca com um gigantesco acervo literário, entretanto, com todo esse acervo, é proibido a entrada do público, pois em sua maioria de livros – se não todos – eram, segundo os líderes do mosteiro, profanos, sendo restrito a poucos monges. Antes de descobrir o autor dos crimes, chega ao mosteiro o Grão-Inquisidor, Bernardo Gui (F. Murray Abraham), que irá exterminar qualquer um que esteja matando sob “influência do demônio”, tendo divergências passadas com William de Baskerville, o inquisidor coloca-o como principal suspeito.


Baseada pela obra literária de Umberto Eco, lançada em 1980, o longa de 1986, adaptado e dirigida por Jean-Jacques Annaud possui muita inspiração e referências em Sherlock Holmes de Sir Arthur Conan Doyle, percebemos em várias partes como por exemplo: o nome do detetive do filme, William de Baskerville é uma referência ao nome do detetive de Doyle, sendo seu primeiro nome, William Sherlock Holmes, outra referência está em Baskerville, uma família e título de uma obra muito famosa de Conan Doyle, O Cão dos Baskervilles. Outro recurso utilizado no filme, que também é utilizado por Arthur Conan Doyle, é o sidekick (o ajudante que acompanha o detetive), no longa é o Adso von Melk, sendo derivado do médico Dr.Watson.


O longa traz uma trama envolvente de mistério, mostrando como na idade média muitos assuntos são obscuros (daí vem o nome idade das trevas, o conhecimento é luz, nessa época ele estava oculto), trazendo críticas às desigualdades, violência sexual, estrutura de poder e política. Mostra o domínio da Igreja Católica sobre – todas – as camadas mais baixas da sociedade, época também conhecida como teocentrismo (Deus no centro), mostra como o poder religioso e também aquisitivo, quem possui mais bens, possui também “poder” sobre outros. A predominância de sistema político-econômico denominado feudalismo, onde a Igreja possuía influência tanto no aspecto político e econômico, quanto no cultural, artístico e literário.


O filme deixa claro como a obscuridade do conhecimento estabelecido pela Igreja afeta a vida de todos, sendo norteado por um plano de fundo ideológico, a briga entre os franciscanos e dominicanos, onde essa briga revela situação de pobreza e como alguns líderes da Igreja não se importavam com os que eram desprovidos de qualquer riqueza. Durante o feudalismo, nasce o trovadorismo, cantigas de amor, produzidas pela nobreza (cavaleiros e senhores feudais), onde possuía uma relação entre a vassalagem (plebeus) para com os suseranos (nobreza) com louvor às damas da sociedade. Isso é bem claro no filme, a dependência da vassalagem, sendo vista várias vezes durante filme, principalmente da jovem mulher que vendia seu corpo por comida, revelando também a violência e exploração sexual que a todo tempo é escondida pelo mosteiro.


Quem escrevia e lia as trovoadas eram pessoas nobres – óbvio –, porém era poucas pessoas que tinham acesso a leitura, isso muito restrito a nobreza, explícito no filme onde apenas os membros da igreja sabiam ler e desses pouquíssimos tinham acesso livremente a qualquer livro.


William de Baskerville representa a quebra do dogma, dos paradigmas, é a revelação do conhecimento, o fim do teocentrismo e o nascimento – ou renascimento – de uma novo modo de pensar e fazer arte. O nome da rosa é pulsante, agradável e estimulador, apresenta uma nova visão do mundo e mostra se o povo possui conhecimento, o povo também possui poder.

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